Viagem Piauí: roteiro 4 dias na Barrinha e Barra Grande

viagem piauí dicas
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Até pouco tempo apenas corredor  passagem para quem vai do Delta para Jeri, na Rota das Emoções no Piauí, a Barrinha clama por seu lugar ao sol. E com razão. A 1km de Barra Grande, Barrinha tem personalidade. Nesse lugar, o turismo caminha rumo à bio-arquitetura, num cenário de piscinas de água cristalina que surgem no meio do oceano nas marés baixas, rios azuis e até um pequeno delta com revoada de guarás. No post de hoje, você vai ler dicas de viagem Piauí e desse roteiro lindo que fizemos por lá.

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viagem Piau dicas
Viagem Piauí: a Casa Amarela, onde ficamos. Vibe única!

Viagem Piauí: porque ir pra Barrinha

Para começar, Barra Grande, no Piauí, é um vilarejo pequeno com chão de areia, bares e pousadas de madeira com teto de palha e vibração praiana desencanada. Do lado, a 1km, fica a Barrinha, menor que a vizinha, e com DNA ainda mais local.

De forma que Barrinha, do lado, segue na mesma esteira, mais com clima ainda mais nativo. Barrinha do Piauí tem praça com igreja, e casas que abrigam famílias que estão lá desde sempre, com gente que bota cadeira na calçada e se debruça para puxar conversa na janela, dando aquele ar de Brasil com raízes.

Barrinha e Barra Grande: um lugar para descansar ao sol e desacelerar
Barrinha e Barra Grande: um lugar para descansar ao sol e desacelerar

Do mesmo jeito, Barrinha tem moradores que vieram de fora e fincaram o pé na vila trazendo ideias de turismo sustentável, preservação e artes. O resultado é um caldeirão gostoso de tradição e novidades. Isso tudo numa vibe em marcha-lenta onde o lema  “vai dar certo” tempera tudo.

Resumindo, junte a isso comida boa, forró na praia, lua cheia, céu estrelado e vento na cara, e  o resultado  é apaixonante.

Podia ser Lençois, mas é a Barrinha!
Podia ser Lençois, mas é a Barrinha!

Roteiro Piauí: onde se hospedar na Barrinha do Piauí

Sublinho que a Casa Rio Piauí é a melhor do pedaço e, mais que uma hospedagem, é uma experiência. Para quem vem da rua, o que se vê é uma pequena casa, com cortinas de conchas e fachada original mantida – porque não tem nada pior do que chegar num paraíso desses e encontrar o cimento da cidade. Mas ao abrir a porta, tudo muda.

Pousadas em Barra Grande e Barrinha: a Casa Amarela vista da rua
Pousadas em Barra Grande e Barrinha: a Casa Amarela vista da rua. Crédito: Dupi Visual

Casa Rio Piauí: bangalôs, beira-rio, palha e vento

Explicando, a Casa Rio Piauí original foi ampliada, e ganhou uma cozinha super arejada, com pé direito altíssimo e portas escancaradas. Sobre as duas – a casa e a cozinha – , foi construído um teto de palha de carnaúba feito como crochê por artesões do Maranhão, seguindo um saber que atravessa gerações.

Adetrando, tudo muda. reparem no teto de palha crochetado. Projeto traz frescor natural pro ambiente. Crédito: Dupi Visual

A decoração e o projeto da casa mantém essa linha, com objetos de artesanato e arte popular, materiais naturais e sempre integrado com a natureza.

O charme e o regional: assinatura da Casa Amarela. Crédito: Dupli Visual

À frente, uma enorme e deliciosa área de convivencia se abre, com jardim de palmeiras, flores, uma piscina com redário sombreada por mais palha, e o rio. Além disso, há ainda um bangalô, com banheiro dando vista para esse rio. Nessas margens de água doce é que o sol se põe, e a gente assiste balançando na rede o espetáculo de cada dia. Na casa, cabem até 8 pessoas.

Onde ficar na Barrinha do Piauí: o bangalô da Casa Amarela
Roteiro Piauí: o bangalô da Casa Amarela

Só isso já é uma experiência e tanto, mas por trás da Casa Rio tem a Casa Amarela, uma agência de receptivo formada por uma galera nota mil para receber o viajante. Tem chef de cozinha, videomaker, instrutor de kite, guia local, cozinheiro, lavadeira, jardineiro, barman: Martha, Luis, Sara, Felipe, Caio, Otavio, Raul, Charles, Patrick, Clara.

São eles que levam a gente pelos lugares mais lindos e secretos da Barrinha, com tanto amor e alegria que viram amigos. Fui embora de lá carregando um pouco deles comigo. <3

A piscina sombreada e no pé do rio

O que fazer na Barrinha

Nesse lugar, lua e maré dão o tom e ditam o ritmo das atividades. Sendo assim, se a lua está cheia e a maré vazante, aparecem piscinas naturais de água cristalina em alto mar, o rio fica mais azul, e assim vai.

Por-do-sol numa ilha paradisíaca

Por isso, nosso primeiro passeio foi para a ver o por-do-sol em uma ilha de rio, com água transparente, palmeiras e rede.

Subimos o rio de SUP com a maré enchendo, com apoio de um barco do nosso lado, mesmo sendo uma remada xuxu-beleza. O caminho é lindo, com palmeiras e vegetação pelas margens.

 

Chegando, não só o que encontramos foi uma ilha no meio de um rio, mas também o tal lugar de água cristalina e limpa, com prainhas de água doce, redes e palmeiras. É esse o cenário que recebe o visitante, como um convite para que se deite na rede, contemple e desacelere.

Mergulho daqui e dali, rede pra cá e para lá e, de repente, brota na nossa frente um picnic com almofadas e mesinha na clareira da ilha. Dessa forma, vemos o sol se por, para então voltar para casa e encontrar um moqueca quentinha esperando pela gente.

O lugar onde paramos: as redes e a ilha. Credito: Caio Azevedo

Piscinas naturais no mar

No nosso segundo dia do roteiro pelo Piauí, acordamos bem cedo e fomos conhecer as piscinas naturais que se formam na maré baixa. Cerca de meia hora de barco e chegamos em um ponto com enormes bancos de areia rodeados por águas cristalina, criando pequenas ilhotas em alto mar. Só a gente, e uma Picnic com frutas, cadeiras e sombreiro nos esperando.

viagem piaui
viagem piaui: o banco de areia que se forma na maré baixa

E não basta tem mar lindo, tem que ter espetáculo de velas pelos céus. De setembro a fevereiro, a Barrinha recebe os ventos Elísios que sopram na África e atravessam o Atlântico, e vira playground da galera do Kite.

E para iniciar os viajantes nesse lifestyle tão único, esse passeio é feito na companhia dos meninos do Filhos dU Vento, Luizinho e Arthur, que estão entre os melhores velejadores da região, nascidos e criados no Piauí.

A cor do mar!

É lindo estar no barco, ou nas ilhas, e vê-los voando com o vento. Pegamos até umas caronas, e quem quiser pode contratar aulas com eles. E abro aqui um parênteses: além de brabos nas velas, e gente boníssimas, os dois são um exemplo. Nativos, eles ficavam fascinados com galera de fora chegar na Barrinha com seus kites.

Arthur e Luis, os filhos dU vento. Simplesmente incríveis

Na época, muito novos e ainda sem condições de comprar um equipamento tão caro, eles juntaram sacos de estopa e costuraram suas velas. Hoje eles são patrocinados e têm uma escola. Uma linda jornada, que torna tudo ainda mais especial.

Do mar para a mesa: a comida mais gostosa de todas

Chegando na Casa Amarela desse passeio incrível, o que nos esperava era um banquete festivo. Juntaram-se a nós a galera toda Casa, com a melhor comida do pedaço.

a galera toda da casa amarela: viraram nossos amigos. Energia linda!

Patrick comprou saborosíssimos camarões VG do produtor –  não era de tanque, que fique claro – e fez um risoto dos mais gostosos que já comemos, enquanto Charles preparou drinques com frutas e ingredientes locais.

Do mar e da terra pra nossa mesa. Se existe luxo maior, estamos para descobrir.

onde comer em barra grande e barrinha
onde comer em barra grande e barrinha: o risoto preparado pelo Patrick
Charles e os drinques

Claro que a sesta foi do melhor jeito, pela piscina, deitados na rede e alma cheia, e esperando o sol se por ali na frente. Isso para depois ver a lua cheia subir e ir até a praia dançar forrós descalços na areia. Ahh, a Barrinha. <3

Vista do jardim: o sol se põe no rio em frente à Casa Amarela

 O que fazer no Piauí: rio de águas azuis

No terceiro dia, na lista do o que fazer no piauí , acordamos cedo e fomos para a Boca da Bruxa, no encontro de rio com o mar. Felipe e Martha organizaram o passeio de forma que pegássemos a maré vazante, e assimdescer ao sabor da corrente até o mar.

O cenário era o de uma praia deserta com areias muito brancas refletindo o sol cedo da manhã, e água azul cristalina sob um céu de brigadeiro. Ninguém a perder de vista, porque Barrinha é assim: um paraíso ainda  inexplorado, e a barulhinho bom do mar e dos pássaros. Passamos a manhã ali.

De tarde, foi a hora de conhecer o mini-delta da Barrinha, mais uma dica do Piauí, e uma versão menor e vazia do Parnaíba, sem barcos,  sem barulho, e com um espetáculo de guarás tão lindo – ou mais – que o da região vizinha.

Delta do Parnaíba
Melhor que o Delta do Parnaíba. Na barrinha, no cair da tarde, só o nosso barco, o mangue sem fim, e o guarás

No lugar de grandes embarcações com som nas alturas, pegamos uma canoa de madeira e seguimos pelo rio Cumurupim até a Ilha dos Guarás, por um caminho de águas puras e mangue denso e preservado.

No percurso de mais ou menos uns quarenta minutos, esbarramos apenas com uma segunda embarcação, que vinha cm 3 kitesurfistas e um pescador. E mais ninguém.

Dicas do Piauí: revoada dos guarás
Dicas do Piauí: revoada dos guarás

Chegamos na ilha dos Guarás no cair da tarde. Dos mangues em volta da gente, começaram a sair bandos de guarás, traçando rasantes, bailando pela frente da nossa canoa.

Enquanto isso, na nossa frente, o céu começava a tingir de lilás e a lua nascia por detrás da vegetação. Nunca vi uma cena dessas; jamais podia imaginar observar tantas guarás, tão de perto, e nessa paz. Navegamos de volta já com a lua alta iluminando o rio.

A lua iluminando nosso caminho na volta da revoada dos guarás
A lua iluminando nosso caminho na volta da revoada dos guarás

Massagem e artesanato local

Último dia na Barrinha e acordamos com Ruan Peter na nossa varanda, que depois de todos esses dias de relax e mar , foi na Casa Amarela fazer uma massagem na gente. Peter é quiroprata, trabalha com recuperação muscular, e atende os kitesurfistas e atletas que passam pela Barrinha. A massagem é uma delícia.

Peter: massagem de primeira no nosso quintal

Depois, seguimos para conhecer a Nêda, que não apenas tem a barraca de artesanato mais rica do pedaço, como é uma pessoa que reluz. “Soube que tinha visita e me arrumei”, fala ela, com um laço de fita rosa enorme na cabeça, bochecha cheia, sorriso de um canto da orelha na outra e me abraçando com toda força.

Artesanato no piaui: Nêda, uma mulher preciosa
Artesanato no Piauí: Nêda, uma mulher preciosa

Nêda foi do Maranhão para o Piauí, e tem um trabalho único: ela cata pedaços de madeira de canos e barcos na beira do rio e do mar, e transforma em peças de arte.

Viram casas com quintal, farol, jardim. Além disso, ela trabalha de forma coletiva, e expõe na sua barraca artigos de todas as artesãs da região, de tapetes e cestarias a bolsas.

Dicas Piauí: A barraca da Nêda
Dicas Piauí: A barraca da Nêda

As peças são lindas, e Nada ainda mais. Tomamos café, passeamos no quintal, comi caju do pé da casa dela, e parti de lá com coisas lindas pra minha casa, e meu coração cheio. Fui me embora da Barrinha levando um  pedacinho de cada pessoa de lá em mim.

Que lugar, meus amigos, que povo! Que viagem linda.

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