Até pouco tempo apenas corredor passagem para quem vai do Delta para Jeri, na Rota das Emoções no Piauí, a Barrinha clama por seu lugar ao sol. E com razão. A 1km de Barra Grande, Barrinha tem personalidade. Nesse lugar, o turismo caminha rumo à bio-arquitetura, num cenário de piscinas de água cristalina que surgem no meio do oceano nas marés baixas, rios azuis e até um pequeno delta com revoada de guarás. No post de hoje, você vai ler dicas de viagem Piauí e desse roteiro lindo que fizemos por lá.
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Viagem Piauí: porque ir pra Barrinha
Para começar, Barra Grande, no Piauí, é um vilarejo pequeno com chão de areia, bares e pousadas de madeira com teto de palha e vibração praiana desencanada. Do lado, a 1km, fica a Barrinha, menor que a vizinha, e com DNA ainda mais local.
De forma que Barrinha, do lado, segue na mesma esteira, mais com clima ainda mais nativo. Barrinha do Piauí tem praça com igreja, e casas que abrigam famílias que estão lá desde sempre, com gente que bota cadeira na calçada e se debruça para puxar conversa na janela, dando aquele ar de Brasil com raízes.
Do mesmo jeito, Barrinha tem moradores que vieram de fora e fincaram o pé na vila trazendo ideias de turismo sustentável, preservação e artes. O resultado é um caldeirão gostoso de tradição e novidades. Isso tudo numa vibe em marcha-lenta onde o lema “vai dar certo” tempera tudo.
Resumindo, junte a isso comida boa, forró na praia, lua cheia, céu estrelado e vento na cara, e o resultado é apaixonante.
Roteiro Piauí: onde se hospedar na Barrinha do Piauí
Sublinho que a Casa Rio Piauí é a melhor do pedaço e, mais que uma hospedagem, é uma experiência. Para quem vem da rua, o que se vê é uma pequena casa, com cortinas de conchas e fachada original mantida – porque não tem nada pior do que chegar num paraíso desses e encontrar o cimento da cidade. Mas ao abrir a porta, tudo muda.
Casa Rio Piauí: bangalôs, beira-rio, palha e vento
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Explicando, a Casa Rio Piauí original foi ampliada, e ganhou uma cozinha super arejada, com pé direito altíssimo e portas escancaradas. Sobre as duas – a casa e a cozinha – , foi construído um teto de palha de carnaúba feito como crochê por artesões do Maranhão, seguindo um saber que atravessa gerações.
A decoração e o projeto da casa mantém essa linha, com objetos de artesanato e arte popular, materiais naturais e sempre integrado com a natureza.
À frente, uma enorme e deliciosa área de convivencia se abre, com jardim de palmeiras, flores, uma piscina com redário sombreada por mais palha, e o rio. Além disso, há ainda um bangalô, com banheiro dando vista para esse rio. Nessas margens de água doce é que o sol se põe, e a gente assiste balançando na rede o espetáculo de cada dia. Na casa, cabem até 8 pessoas.
Só isso já é uma experiência e tanto, mas por trás da Casa Rio tem a Casa Amarela, uma agência de receptivo formada por uma galera nota mil para receber o viajante. Tem chef de cozinha, videomaker, instrutor de kite, guia local, cozinheiro, lavadeira, jardineiro, barman: Martha, Luis, Sara, Felipe, Caio, Otavio, Raul, Charles, Patrick, Clara.
São eles que levam a gente pelos lugares mais lindos e secretos da Barrinha, com tanto amor e alegria que viram amigos. Fui embora de lá carregando um pouco deles comigo. <3
O que fazer na Barrinha
Nesse lugar, lua e maré dão o tom e ditam o ritmo das atividades. Sendo assim, se a lua está cheia e a maré vazante, aparecem piscinas naturais de água cristalina em alto mar, o rio fica mais azul, e assim vai.
Por-do-sol numa ilha paradisíaca
Por isso, nosso primeiro passeio foi para a ver o por-do-sol em uma ilha de rio, com água transparente, palmeiras e rede.
Subimos o rio de SUP com a maré enchendo, com apoio de um barco do nosso lado, mesmo sendo uma remada xuxu-beleza. O caminho é lindo, com palmeiras e vegetação pelas margens.
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Chegando, não só o que encontramos foi uma ilha no meio de um rio, mas também o tal lugar de água cristalina e limpa, com prainhas de água doce, redes e palmeiras. É esse o cenário que recebe o visitante, como um convite para que se deite na rede, contemple e desacelere.
Mergulho daqui e dali, rede pra cá e para lá e, de repente, brota na nossa frente um picnic com almofadas e mesinha na clareira da ilha. Dessa forma, vemos o sol se por, para então voltar para casa e encontrar um moqueca quentinha esperando pela gente.
Piscinas naturais no mar
No nosso segundo dia do roteiro pelo Piauí, acordamos bem cedo e fomos conhecer as piscinas naturais que se formam na maré baixa. Cerca de meia hora de barco e chegamos em um ponto com enormes bancos de areia rodeados por águas cristalina, criando pequenas ilhotas em alto mar. Só a gente, e uma Picnic com frutas, cadeiras e sombreiro nos esperando.
E não basta tem mar lindo, tem que ter espetáculo de velas pelos céus. De setembro a fevereiro, a Barrinha recebe os ventos Elísios que sopram na África e atravessam o Atlântico, e vira playground da galera do Kite.
E para iniciar os viajantes nesse lifestyle tão único, esse passeio é feito na companhia dos meninos do Filhos dU Vento, Luizinho e Arthur, que estão entre os melhores velejadores da região, nascidos e criados no Piauí.
É lindo estar no barco, ou nas ilhas, e vê-los voando com o vento. Pegamos até umas caronas, e quem quiser pode contratar aulas com eles. E abro aqui um parênteses: além de brabos nas velas, e gente boníssimas, os dois são um exemplo. Nativos, eles ficavam fascinados com galera de fora chegar na Barrinha com seus kites.
Na época, muito novos e ainda sem condições de comprar um equipamento tão caro, eles juntaram sacos de estopa e costuraram suas velas. Hoje eles são patrocinados e têm uma escola. Uma linda jornada, que torna tudo ainda mais especial.
Do mar para a mesa: a comida mais gostosa de todas
Chegando na Casa Amarela desse passeio incrível, o que nos esperava era um banquete festivo. Juntaram-se a nós a galera toda Casa, com a melhor comida do pedaço.
Patrick comprou saborosíssimos camarões VG do produtor – não era de tanque, que fique claro – e fez um risoto dos mais gostosos que já comemos, enquanto Charles preparou drinques com frutas e ingredientes locais.
Do mar e da terra pra nossa mesa. Se existe luxo maior, estamos para descobrir.
Claro que a sesta foi do melhor jeito, pela piscina, deitados na rede e alma cheia, e esperando o sol se por ali na frente. Isso para depois ver a lua cheia subir e ir até a praia dançar forrós descalços na areia. Ahh, a Barrinha. <3
O que fazer no Piauí: rio de águas azuis
No terceiro dia, na lista do o que fazer no piauí , acordamos cedo e fomos para a Boca da Bruxa, no encontro de rio com o mar. Felipe e Martha organizaram o passeio de forma que pegássemos a maré vazante, e assimdescer ao sabor da corrente até o mar.
O cenário era o de uma praia deserta com areias muito brancas refletindo o sol cedo da manhã, e água azul cristalina sob um céu de brigadeiro. Ninguém a perder de vista, porque Barrinha é assim: um paraíso ainda inexplorado, e a barulhinho bom do mar e dos pássaros. Passamos a manhã ali.
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De tarde, foi a hora de conhecer o mini-delta da Barrinha, mais uma dica do Piauí, e uma versão menor e vazia do Parnaíba, sem barcos, sem barulho, e com um espetáculo de guarás tão lindo – ou mais – que o da região vizinha.
No lugar de grandes embarcações com som nas alturas, pegamos uma canoa de madeira e seguimos pelo rio Cumurupim até a Ilha dos Guarás, por um caminho de águas puras e mangue denso e preservado.
No percurso de mais ou menos uns quarenta minutos, esbarramos apenas com uma segunda embarcação, que vinha cm 3 kitesurfistas e um pescador. E mais ninguém.
Chegamos na ilha dos Guarás no cair da tarde. Dos mangues em volta da gente, começaram a sair bandos de guarás, traçando rasantes, bailando pela frente da nossa canoa.
Enquanto isso, na nossa frente, o céu começava a tingir de lilás e a lua nascia por detrás da vegetação. Nunca vi uma cena dessas; jamais podia imaginar observar tantas guarás, tão de perto, e nessa paz. Navegamos de volta já com a lua alta iluminando o rio.
Massagem e artesanato local
Último dia na Barrinha e acordamos com Ruan Peter na nossa varanda, que depois de todos esses dias de relax e mar , foi na Casa Amarela fazer uma massagem na gente. Peter é quiroprata, trabalha com recuperação muscular, e atende os kitesurfistas e atletas que passam pela Barrinha. A massagem é uma delícia.
Depois, seguimos para conhecer a Nêda, que não apenas tem a barraca de artesanato mais rica do pedaço, como é uma pessoa que reluz. “Soube que tinha visita e me arrumei”, fala ela, com um laço de fita rosa enorme na cabeça, bochecha cheia, sorriso de um canto da orelha na outra e me abraçando com toda força.
Nêda foi do Maranhão para o Piauí, e tem um trabalho único: ela cata pedaços de madeira de canos e barcos na beira do rio e do mar, e transforma em peças de arte.
Viram casas com quintal, farol, jardim. Além disso, ela trabalha de forma coletiva, e expõe na sua barraca artigos de todas as artesãs da região, de tapetes e cestarias a bolsas.
As peças são lindas, e Nada ainda mais. Tomamos café, passeamos no quintal, comi caju do pé da casa dela, e parti de lá com coisas lindas pra minha casa, e meu coração cheio. Fui me embora da Barrinha levando um pedacinho de cada pessoa de lá em mim.
Que lugar, meus amigos, que povo! Que viagem linda.