Nevada é um estado de paisagens surreais.Desertos vermelhos, neve, lagos rodeados por pinheiros, roteiros assombrados, cidades históricas da época da corrida do ouro e da prata, e outras louquérrimas com arranha-céus cobertos de letreiros. Em 1h de estrada, tudo pode mudar. E a cada mudança, você vai se apaixonando mais e mais por esse estado que faz fronteira com a Califórnia, Utah e Arizona.
Nesse post, contamos da nossa roadtrip por Nevada, saindo de Vegas e chegando em Lake Tahoe. Para nós, uma viagem imperdível.
Road trip Nevada: começando em Vegas
Vegas é o ponto de partida dessa viagem. Cassinos, compras e entretenimento é como eu resumiria a ópera, mas como viajamos em família, ficamos com a parte entretenimemto sem jogos de azar.
Escolhemos, por isso, o hotel New York New York, que tem uma montanha-russa gigante com um drop de 44 metros que não deixa nada a dever às do parques da Califórnia. E ao mesmo, um estrutura ótima.
Além do brinquedinho, o hotel tem uma área de alimentação que recria o clima do Brooklyn e do SoHO NY, quartos espaçosos (mas sem luxo), e fica na Strip, a rua de compras de Vegas.
Fora a montanha-russa, fomos conhecer também o Stratosphere Top of the Tower. Lá do alto da torre de 351 metros, um carro escorrega sobre os trilhos como se fosse cair lá se cima sobre cidade! Só para terem ideia, a altura é mais ou menos uma prédio de 120 andares. A atração custa a partir de 29usd, e é uma boa pedida para quem gosta de adrenalina.
Também demos uma passada no Nevada Boxing Hall of Fame, já que Vegas é o epicentro da modalidade esportiva. É uma galeria interativa, e tem um ringue onde as crianças podem simular lutas com luvas gigantes.
Quanto tempo ficar em Vegas:
Passamos apenas 1 dia e 1 noite, e achei suficiente, já que a gente não curte a vibe dos jogos, e uma vez que já sabíamos que o estado de Nevada tem muitos outro lugares lindos. Mas Vegas é interessante de conhecer, então vale a pena usar como ponto de partida.
De Vegas para Vale do Fogo
Vale muito à pena fazer um roteiro Vegas, Vale da Morte e terminar em Lake Tahoe. E foi o que fizemos.
Pouco mais de 1 hora separam a loucura de Vegas do Vale do Fogo, um parque nacional formado por dunas e rochas calcárias que vão do vermelho ao laranja, onde o máximo de barulho que se ouve é o do vento. A entrada esta US$10.
O parque é lindo, e bem fácil de ser explorado. Há uma estrada que corta o vale de lado a lado, e nela há pontos onde você estaciona para seguir as trilhas. Todas elas relativamente curtas, de no máximo 2 horas, e fáceis.
Além das dunas e morros multicoloridos, o parque guarda petroglifos, árvores petrificadas e outras formações geológicas com mais de 2 mil anos.
Gostei da forma como o parque nacional determina seu horário de funcionamento: ele é regido pela natureza. Abre e fecha segundo a alvorada e o anoitecer, o que confere uma atmosfera ainda mais especial à visita. Chegando bem cedo no parque, você consegue explorá-lo em um dia inteiro, como fizemos.
Caso não esteja de carro e queira apenas um day tour para o Vale do Fogo, pode fazer com o Love Hikes (passeio de 4-6 horas de duração) ou com o Adventure Tours (6-7 horas de duração)
Quanto tempo ficar no Vale do Fogo
Você pode conhecer o parque em 1 dia, como falei acima.
Entretanto, vale à pena dormir. E aí, só com motohome ou barraca (há mais informações sobre estrutura de camping no site do Vale do Fogo). O preço é de US$ 20 por noite.
Recomendo acampar no outono ou primavera. No verão, as temperaturas podem chegar facilmente aos 45.ºC. Nós fomos em janeiro, estava frio, mas gostoso (porém, nessa época, recomendo apenas motohome; barraca seria congelante).
De Vale do Fogo para Lee Canyon
Sigo falando que Nevada é uma surpresa linda atrás da outra. Continuamos nossa roadtrip por Nevada e, de repente, a paisagem deixa as cores terrosas do deserto do Mojave e revela os picos nevados e pinheiros de Mount Chalerston (também conhecido com Springs Mountain National Recretion Area) e do Lee Canyon Ski Resort. Isso em apenas 1h45 minutos de estrada (se quiserem ver mais, confiram os destaques dos nossos stories no instagram).
Escolhemos um hotel de montanha muito gostosinho para montar base aqui, o Retreat at Charleston Peak. É um hotel rústico, feito com toras de madeira, e bem na área do parque.
No inverno, não há nada além de ski e área para escorregar na neve. E nem precisa. Só isso, e o visual lindo, já bastam.
Essa região é belíssima. No inverno, na parte Springs Mountain National Recretion Area, havia neve por toda parte, a famílias brincando, montando bonecos, escorregando em trenós e pranchinhas, um astral delicioso. No verão, soube que há muitas trilhas para trekking. E os acessos a todas essas áreas são gratuitos.
Já para esquiar, tem o Lee Canyon Ski Resort, e é pago. Como não sabemos esquiar, fizemos uma aula para iniciantes (há instrutores gratuitos) e deu para curtir bem. Para os avançados, há diversas pistas.
Alem disso, há ski para crianças e boia na neve. O tíquete dos lifts custa cerca de US$65, o aluguel do equipamento US$49 (valores jan 2020). Mas há vários outros passes (season pass, 3 day e por aí): sugiro ver no site o que mais te atende.
Em tempo: não há restaurantes nessa região, nem vilarejos. A opção para jantar é no hotel mesmo (que eu gostei bastante). No Lee Canyon Ski Resort tem um bandejão para almoçar que quebra bem o galho.
Quantos dias ficar em Mt Charleston e Lee Canyon:
Nós chegamos de noite vindo do Vale do Fogo e dormimos (não deu tempo para fazer atividades), aproveitamos o dia seguinte todo, pernoitamos e saímos cedo outro dia rumo a Tonopah.
Acho que ficou um pouco corrido, porque a região é linda e esquiar é uma delícia, então recomendo pelo menos dois dias inteiros em Mt. Charleston.
E então, as cidades assombradas no deserto Vale da Morte
A medida que avançamos pelo Vale da Morte, em Nevada, a viagem toma o caminho das histórias fantásticas.
Se seguir pela State Route 375, você vai se conectar com histórias de aliens e óvnis na área 51, instalação ultrassecreta da Força Aérea dos EUA desde a Guerra Fria, onde ufólogos acreditam que haja ETs mantidos como reféns.
Se pegar a US95, vai mergulhar nas histórias assombradas da época da corrida americana do ouro e do Velho Oeste. Foi o que fizemos, saindo de Mt Charleston rumo a Tonopah, uma microcidade povoada de histórias fantasmagóricas, num trajeto de cerca de 3h30m.
No caminho, porém, fizemos duas merecidas paradas. A primeira em Rhyolite e Beatty, uma cidade-ruína que guarda algumas construções dessa época. O banco em ruínas, um casebre atravessado pelo vento, o céu azul se perdendo no horizonte do deserto; uma espécie de prólogo do que nos esperada mais à frente.
Na sequência, visitamos o International Car Forest, uma instalação gigantesca no meio do deserto, com mais de 40 carros, ônibus e caminhões grafitados, espetados no solo e quase flutuando sobre nossas cabeças. É tão sugestivo que dá até para pensar que é obra de outro mundo. Mas quem assina a floresta de metal são dois artistas de carne e osso: Chad Sorg e Mark Rippie, provando que arte pode estar em todos os lugares.
Preparados para as histórias de lá?
Entrando no roteiro assombrado: eu juro que ouvi barulhos!
Nosso hotel foi o Mizpah, estrategicamente escolhido. estrategicamente escolhido. Construído em 1907 durante o auge da corrida do ouro, foi eleito o hotel mais assombrado dos Estados Unidos pelo Reader’s Choice Award.
Respeito muito o sobrenatural, e me mantenho sempre distante de histórias assim: há coisas com as quais não se deve mexer. Mas o fato é que esse tipo de turismo atrai muita gente, e que embora pareça assustador, é bem interessante. E são histórias que fazem parte do imaginário e da história de Nevada.
O Mizpah é povoado de lendas de fantasmas como a das crianças que brincam no terceiro andar, e do elevador acionado à revelia por um ascensorista que assombra de madrugada. Também contribuem para o vasto elenco de personagens fantasmagóricos os espíritos de dois mineiros que se escondem no porão do estabelecimento, mortos durante uma tentativa de roubo.
Mas de longe, a história mais conhecida é a da Dama de Vermelho, a prostituta assassinada no 5º andar por um namorado ciumento. Até esse ponto, a história é absolutamente real. O que vem depois, são relatos paranormais: muitos hóspedes escutam a mulher vagando e murmurando pelos corredores.
Da nossa experiência, o que posso dizer é que ao entrar no quarto dela, e mexer na cadeira de balanço, o vento começou a zumbir bem forte do lado de fora. Isso por duas vezes. E mais: de noite, nós ouvimos um barulho de metal batendo na nossa cama.
Impressão? Coincidência? Não sabemos. Mas no dia seguinte acordamos e, antes de deixar a cidade, fomos visitar outro hotel assustador: o The Clown Motel.
Estacionamos no pátio do hotel, e não havia viv’alma. Ao fundo, a construção de dois andares pintada de azul lembrava locação dos filmes que tiraram meu sono na infância. O terreno ao lado tem um cemitério onde foram enterrados 45 mineiros que morreram em um explosão nos anos 1800 e, por todos os lados, palhaços e mais palhaços.
Esse é o The Clown Motel, um hotel assombrado que tem todos os ingredientes de um filme de suspense, e não por acaso foi locação da série de terror que leva o seu nome. Quem dorme aqui, diz ouvir barulhos estranhos durante a madrugada; correntes, homens, gargalhadas. Se é verdade? Só se hospedando aqui pra saber. A gente não ficou pra ver.
Você ficaria mais uma noite?
A mítica e preservada Virgínia City
A gente sai do carro e vê dois homens vestidos como cowbóis do Velho Oeste. Um deles se chama James Wes Francis, e nos conta que anda assim porque gosta de representar, e que faz walking tours pela cidade. Para além das esporas, ele se fantasia ainda de Papai Noel, realiza casamentos em salloons, e dá aulas de tiro esportivo.
Wes Francis é uma figura bem característica de Virginia City, a mais preservada cidade histórica do Velho Oeste Americano, e que atraiu uma legião de gente divertida e mucho loka para morar.
A cidade tem apenas duas ruas belíssimas, com casas de madeira de 1800 que exibem arcadas e frontes esculpidas. Para completar a paisagem, fica debruçada sobre um vale. Virginia também foi um dos epicentro da corrida da prata no estado – tanto que, se colocarmos em linha reta as escavações das minas, os túneis seriam capazes de ligar Virgina a Seattle.
E toda essa história convive lado a lado com bares abertas até a madrugada com shows de blues, um número recorde de sallons por metro quadrado e de festivais por mês. (veja aqui no calendário de eventos de Virginia City).
Seguimos com Wes Francis pela rua, de salloon em salloon. Foi uma volta no tempo; todos decorados com peças originais e arquitetura típica. O Bucket of Blood é um deles, e acho que dos mais incaicos. Outro é o Silver Queen, com uma capela no seu interior, e um hotel assombrado no segundo andar.
Terminamos o dia de forma não menos surpreendente: jantamos no Dog Salloon, um bar/restaurante com shows de blues e country. No fim, descobrimos que ninguém menos que Janis Joplin já tocou lá.
Sentiu o naipe?
Sobre quantos dias ficar em Virginia, pelo menos dois inteiros.
North Lake Tahoe: o que fazer
Chegamos aqui ao destino final da nossa road trip. Uma hora separam Virginia City de North Lake Tahoe, por uma estrada linda.
Só para explicar, o lago tem uma parte em Nevada e outra na Califórnia. Ficamos apenas no lado de Nevada, e achamos incrível. É muito preservado, cercado de montanhas e pinheiros, e com alguns vilarejos fofos no entorno, com o de Incline Village.
North Lake Tahoe muda radicalmente do inverno para o verão, e seja lá qual for a estação, será apaixonante.
No inverno, terá neve, ski, snowshoes, bike, visitas ao lago e uma paisagem belissima que mescla picos nevados, pinheiros e o espelho d’água. No verão, bike, mergulho no lago, caiaque e trekking.
Fomos no inverno. Nosso hotel foi Hyatt Lake Tahoe Resort & Spa, em Incline Village, a literalmente 5 minutos andando do lago, e considerado um dos melhores hotéis de ski dos Estados Unidos (fica a menos de 10 minutos da estação de Diamond Peak, com shuttle regulares para os hóspedes).
O hotel é um luxo. Há suítes enormes, assim como chalés completos, dois restaurantes, um café, a piscina e o spa. Alguns quartos têm essa vista linda da piscina, e outros chalés têm vista para o lago. Dos restaurantes, o Cutthroats é informal (adoramos a pizza e o salmão grelhado com legumes), enquanto o Line Eagle Grill é mais chiquezinho (não deixe de provar o salmão com salada de carangueijo e a batata gratin com gruyére).
Listo aqui as atividades que fizemos em Lake Tahoe, e que recomendo a vocês:
- Ski: esquiamos em Diamond Peak. A estação tem pistas para todos os níveis. Nós somos iniciantes, e ficamos com um instrutor todo o tempo, o John Vieira (brasileiro!). Para quem tiver a manha do ski, e se virar em pistas mais avançadas, recomendo ir até o Snowflake Lodge, um restaurante no alto da montanha com uma vista incrível! Para valores.
- Snowshoes: Há várias possíveis rotas de trekking no gelo. A que fizemos foi a de Chickadee Ridge, uma trilha que sai da área de recreação de Mount Rose rumo ao alto da montanha. A caminhada pelo gelo dura cerca de 2h, com calma, e termina com um vista aberta para o lago. O nível é fácil-médio, e basta um mínimo de preparo físico. Fizemos com o Tahoe Adventure Company, e custa US$90 para duas pessoas.
- Mount Rose: é uma área de recreação pública e gratuita. No inverno, estavam lá famílias fazendo picnic e bonecos de neve, e escorregando em pranchas morro abaixo. Uma delícia passar uma tarde assim, bem local. As pranchas para escorregar na neve podem ser comprados no mercado local, mas recomendo comprar as de material mais resistente (as de plástico, que custam cerca de US$14, quebram logo).
- Sand Harbour: é a beira-lago. No inverno, é um lugar lindo para contemplação. E é incrível ver com o lago muda a cada dia, dependendo do clima (vejam só as fotos). No verão, vira praia local, com gente fazendo SUP, caiaque e tal. Mais uma vez, esses equipamentos podem ser alugados com o Tahoe Adventure.
- Bike: há uma ciclovia que circunda o lago. Para quem gosta, vale alugar uma magrela a fazer o caminho.
Seguro viagem GTA para os Estados Unidos (e quando, afinal, precisamos usá-lo)
Foi a primeira-vez que precisamos usar o nosso seguro-viagem, e juro que depois disso nunca mais viajo sem. Rico – que já fez uma cirugia na coluna – teve uma contratura severa no voo de Los Angeles para Vegas, a ponto de não conseguir ficar em pé quando desembarcamos.
Nosso seguro era o da GTA, e nos EUA entramos em contato com a empresa por wpp, e fomos enviados a um Urgent Care. A clínica não era das melhores, mas Rico foi atendido e medicado com antiinflamatórios e antiespamódicos.
De Vegas, nossa viagem continuou, e as dores do Rico foram aumentando. Porém, não havia muito o que fazer no caminho. Rico ficou de molho, com o máximo de cuidado e preocação mas, quando chegamos em Tahoe, as dores estavam extremas.
Lá, onde havia mais estrutura, Rico foi atendido em um hospital local, o Incline Village Hospital. Como as dores não diminuíram, ele precisou ir ao hospital todos os dias. Foram três consultas, aplicações de antiespamódicos e até morfina, com tudo coberto na hora pela GTA. Se tivéssemos que pagar, cada ida aos hospital não sairia por menos de US1 mil (!!!).
Por conta das dores, também tivemos que adiar o voo. E mais: Rico não poderia voltar na econômica, por causa da posição, que poderia provocar uma hérnia de disco grave. A GTA cobriu a remarcação da passagem dele, com upgrade para executiva, os dias extras de hotel, remédios e a alimentação.
No fim, sem o seguro, teríamos gasto mais de R$20 mil. As despesas médicas no local foram todas cobertas sem que precisássemos desembolsar nada, e os outros gastos foram reembolsados em menos de 30 dias. Foi ótimo.
Depois disso, recomendo a GTA sem pestanejar, e só viajarei coberta por esse seguro. Para mim, não há outro.