No futuro, as escolas como pensamos hoje em dia deixarão de existir. Hoje, mais e mais famílias se propõem a educar de forma diferente. Unschooling, Home Schooling, World Schooling, Travel Schooling são todos movimentos que, de uma forma ou de outra, buscam um nova educação para um novo mundo.
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O movimento World Schooling
Nos identificamos com worldschooling, um movimento crescente na Europa e EUA ao qual muitos pais estão se juntando. Mais do que tirar os filhos de casa para viajar, o worldschooling consiste em aprender com o mundo. Não se trata de um feriado ou de férias, mas em aprender todos os dias, o dia todo, na estrada. É uma decisão muito louca? Você faria isso?
Uma pesquisa britânica divulgou recentemente um aumento de 65% nos últimos seis anos de crianças educadas fora da escola no Reino Unido. A rede é tão grande, que pipocam de todos os lados blogs e sites sobre essa assunto. Famílias, passeios educativos e científicos, e por aí vai. O Site Vagabong Family é um super interessante, e reúne uma bibioteca incrível de dicas, roteiros e famílias schooling.
Aprendendo com o mundo
Aqui em casa, não tive coragem de ir tão fundo e tirar a Julia da escola. Não sei o quanto essa decisão é acertada. Por outro lado, não acho que a escola convencional, no seu formato atual, contribua para a formação dela como cidadã numa sociedade mais justa, criativa e igualitária. Por boicote, não temos boas escolas públicas. Sobram as particulares, onde a diferença – princípio fundamental da tolerância e da generosidade – não tem espaço: não há mistura de raça e classe nas escolas elitizadas. E mesmo que houvesse, ou que houvesse boas escolas públicas, desacredito no currículo na sua forma atual.
Quando larguei meu emprego, minha motivação era estar mais perto da minha família e da Juju, e ter mais tempo para educá-la, na minha crença de que a educação não reside apenas na sala de aula, mas nesse mundo enorme, fascinante e cheio de aventuras. Então, o que temos hoje, é uma educação “casada”. Juju vai à escola, mas passa períodos fora, viajando, e aprendendo.
Juntos, vimos de perto do degelo dos glaciares, passamos alguns dias com os biólogos do Tamar mergulhando e entendendo tartarugas e seu ecossistema, dormimos com as crianças da tribos das montanhas no Camboja e do Laos, participamos de algumas cerimônias budistas, visitamos os castelos da França e mergulhamos na História da Idade Média, navegamos com os Vikings em Edimburgo, nos revoltamos vendo elefantes e tigres nos camps da Tailândia, acampamos aos pés de vulcão na Bolivia, plantamos árvores e observamos as constelações. Descobrimos, em família, que não somos cidadões de uma nação com fronteiras, mas que estamos intrinsecamente conectados com todo o planeta.
Claro, tem a questão financeira, de como bancar isso tudo. Há muitas formas de viajar, como a em que os viajantes “trocam de casa” (como a rede Home Exchange), ou os lugares que aceitam trocas de serviços ou voluntariado por hospedagem. De forma que, para abrir os horizontes, não é preciso dispor de grandes somas de dinheiro. Aliás, são experiências genuínas como essas, e não de puro luxo, que geram essas transformações.
Então, a lição que tiramos disso tudo é que, independente da possibilidade ou desprendimento de passar a vida na estrada, ou de viajar por alguns dias, o mais importante, o passo fundamental é simplesmente dar o primeiro passo, e se abrir para o aprendizado da vida.